Conheça as construções olímpicas mais marcantes dos últimos jogos
Durante os Jogos Olímpicos, a atenção dos espectadores volta-se para os torneios esportivos, os atletas e seus recordes. Antes e depois, porém, o que interessa é o legado deixado pela competição, seja pela lembrança que fica na memória dos visitantes e torcedores, seja pelo valor dos edifícios construídos para abrigar as disputas. Alguns ginásios e estádios simbolizam até hoje as cidades que tiveram a oportunidade de receber uma Olimpíada. Listamos abaixo as dez construções mais marcantes da história dos Jogos. Confira!
- Ninho de Pássaro (Estádio Nacional de Pequim), Pequim 2008
Arquitetos: Herzog & de Meuron
O arrojo do estádio olímpico de Pequim fez dele o símbolo máximo dos Jogos de 2008, realizados na cidade. Inspirado nas formas e nos desenhos da tradicional porcelana chinesa, o edifício também remete a um ninho de pássaro, algo que se considera ter propriedades curativas e se usa como iguaria na gastronomia local. Seu aspecto – coidealizado pelo artista Ai Weiwei, em parceria com os arquitetos suíços Herzog & de Meuron – vem do contraste entre a iluiminação e a estrutura de aço, que forma uma trama por toda a fachada. Mais de 17 mil pessoas trabalharam na construção, cujo custo superou os US$ 423 milhões.
- Ginásio Nacional Yoyogi, Tóquio 1964
Arquiteto: Kenzo Tange
O Coliseu de Roma, pai de todas as arenas, serviu de inspiração para a cobertura deste ginásio, construído dentro do parque olímpico que sediou a Olimpíada de Tóquio de 1964. Um dos ícones da arquitetura brutalista, o Yoyogi também remete a dois consagrados projetos realizados em 1958: o ginásio de hóquei da Universidade de Yale, EUA, criação de Eero Saarinen, e o pavilhão da Philips desenhado por Le Corbusier para a Feira Mundial de Bruxelas. O concreto aparente domina o ginásio japonês, e sua estrutura suspensa libera área para o estacionamento de veículos, prioridade à época de sua construção. A importância do projeto foi um dos fatores que rendeu ao arquiteto Kenzo Tange (1913-2005) o prêmio Pritzker em 1987.
- Estádio Olímpico de Munique, Munique 1972
Arquiteto: Günther Behnisch
Com capacidade para 80 mil pessoas, o Olympiastadion de Munique é a principal construção do complexo esportivo que sediou os Jogos Olímpicos de 1972. Desenhado pelo alemão Günther Behnisch, com colaboração do engenheiro civil Frei Otto, o estádio também abrigou a final da Copa do Mundo de 1974. Sua cobertura procura reproduzir o desenho das montanhas que compõem os Alpes, um dos símbolos da Baviera, Estado alemão cuja capital é Munique. Na época da Olimpíada, considerava-se que suas linhas sinuosas eram uma resposta à simetria dura do Olympiastadion de Berlim (10º colocado em nossa lista), que sediou os Jogos de 1936 durante o nazismo.
- Estádio Panathinaiko, Atenas 1896 e 2004
Arquiteto: Licurgo
Sede dos primeiros Jogos Olímpicos da era moderna, realizados em 1896, a arena foi erguida sobre as ruínas de um estádio construído de acordo com projeto de Licurgo em 566 a.C., no centro de Atenas, como sede de campeonatos esportivos em homenagem à deusa Atena. Originalmente, ele era usado para competições de atletismo, mas, durante a Olimpíada de 2004, sediou as disputas de arco e flecha, além da chegada das maratonas masculina e feminina. Sua planta segue um desenho em “U”, semelhante ao do Circus Maximus de Roma, e abriga confortavelmente até 50 mil pessoas. É inteiramente construído com mármore branco.
- Cubo D’Água (Centro Aquático Nacional), Pequim 2008
Arquitetos: PTW Architects, CSCEC, CCDI, e Arup
Ao lado do Ninho de Pássaro, o Cubo D’Água é um dos símbolos da Olimpíada de 2008. Seu projeto tem autoria de um consórcio internacional, liderado por australianos e ingleses, mas o conceito é genuinamente chinês. Cada detalhe faz referências a elementos da natureza. Sua forma retangular, por exemplo, simboliza a terra, enquanto os desenhos orgânicos de sua fachada representam a água. A iluminação tem um papel fundamental nessa simbologia, uma vez que o edifício, durante a noite, realmente lembra um cubo de vidro cheio-d’água. Durante os Jogos Olímpicos, sediou as competições de natação, saltos ornamentais e nado sincronizado e abrigou nada menos do que 25 quebras de recordes mundiais.
- Estádio Olímpico de Montréal, Montréal 1976
Arquiteto: Roger Taillibert
O estádio que sediou as principais disputas dos Jogos Olímpicos de 1976 é conhecido pela população local como “The Big O” (em português, “o grande O”). O título faz referência à forma circular de sua cobertura, mas também remete à palavra inglesa owe, que significa dívida. Nada mais justo: a obra consumiu mais de $ 1,7 bilhão canadense e levou 30 anos para ser concluída. Na abertura da Olimpíada, por exemplo, a torre, que hoje marca sua silhueta, nem existia. A construção do parque olímpico de Montréal teve uma sucessão de obstáculos – como uma greve de operários às vésperas da competição –, mas seus edifícios, em especial, o estádio olímpico, são ícones da assim chamada arquitetura orgânica.
- Parque Olímpico de Atenas, Atenas 2004
Arquiteto: Santiago Calatrava
Originalmente construído em 1982, o estádio foi um dos trunfos que Atenas usou para tentar sediar a Olimpíada de 1996, que marcaria os 100 anos dos Jogos. Mas Atlanta levou a melhor. Santiago Calatrava foi então chamado para renovar o parque olímpico (na foto, ao fundo, um de seus ginásios). O elemento mais marcante de sua intervenção é a cobertura das arenas, onde chamam a atenção os arcos simétricos. A capital grega acabou sendo escolhida para sediar os Jogos de 2004, e um dos símbolos da competição foi justamente o ousado projeto realizado pelo arquiteto espanhol. Desde então, ali são realizados os mais importantes eventos esportivos e culturais da cidade, como finais de campeonatos de futebol e shows de rock.
- Ginásio Komazawa, Tóquio 1964
Arquiteto: Ashihara Yoshinobu
Há uma série de fatos que marcam a memória daqueles que puderam ver os Jogos Olímpicos de Tóquio, realizados em 1964. Foi a primeira vez que a Ásia sediou uma Olimpíada. Foi a primeira vez em que a África do Sul, por conta do regime do apartheid, não pôde participar do torneio mundial. Mas uma das coisas mais memoráveis dos Jogos foi justamente o parque olímpico, por conta da qualidade da arquitetura de seus edifícios. Além do Ginásio Nacional Yoyogi (2º de nossa lista), o Ginásio Komazawa, projetado por Ashihara Yoshinobu, é lembrado pela força de suas formas, onde o concreto aparente surge como principal elemento.
- Velódromo, Londres 2012
Arquitetos: Hopkins Architects
Primeira obra a ser concluída dentro do parque olímpico de Londres, onde ocorrem os Jogos Olímpicos de 2012, o velódromo será lembrado pela qualidade ambiental de seu projeto, realizado pelo escritório britânico Hopkins Architects. Toda a madeira que compõe seus pisos e paredes, por exemplo, é de origem certificada. Além disso, seu sistema de circulação de ar dispensa o uso de ar-condicionado ou calefação. Para que a ventilação cruzada fosse possível, a cobertura da construção conta com uma curvatura única que rendeu até apelido entre os londrinos: The Pringle, dado o formato de batata industrializada.
- Olympiastadion, Berlim 1936
Arquitetos: Werner e Walter March
A imponência da simetria e o poder do classicismo definem o Olympiastadion de Berlim, estádio utilizado durante os Jogos Olímpicos de 1936 e eternizado em filmes como Olympia (Leni Riefenstahl, 1938) e Arquitetura da Destruição (Peter Cohen, 1989). A arena é a principal construção da Olimpíada, que marcou a ascensão do nazismo. Ali, Adolf Hitler exibiu sua ideologia, tanto durante quanto após a competição esportiva. Mas foi dentro do estádio que o corredor norte-americano Jesse Owens, negro, ganhou quatro medalhas de ouro no atletismo, colocando por terra o discurso racista vigente na Alemanha de então. Usado pelos ingleses como base militar após a Segunda Guerra Mundial, o estádio funciona até hoje e sediou a final da Copa do Mundo de 2006.